Fonte: d24am.com
Duas exposições estão sendo preparadas pelo Museu da Amazônia (Musa) para serem inauguradas no mês de novembro, no Jardim Botânico Adolpho Ducke, zona norte de Manaus. A primeira, Sapos, Peixes e Musgos – a vida entre a terra e a água na Reserva Ducke - já no próximo dia 6 (terça-feira), às 16h; e, a outra, Peixe e Gente, que, embora seja inaugurada em data posterior, terá uma festa de abertura com a presença dos artesãos e conhecedores indígenas do Alto Rio Negro, também na terça-feira.
A primeira exposição aborda o universo dos animais e plantas que vivem entre os ambientes aquáticos e terrestres na Amazônia e a presença desses seres no imaginário das populações locais do passado. A exposição ocupa tenda de 300m2 instalada no JB e conta com elementos apresentados ao vivo na própria floresta – em consonância com o projeto conceitual do Musa –, como briófitas e áreas de nidificação de sapos.
Entre as peças que serão expostas, estão aquários com espécies de peixes pulmonados, totens que explicam a respiração dos peixes, painéis que contam a evolução dos anfíbios, uma instalação de cubos que mostra a diversidade de sapos, o jogo do Cururu, que explora a possibilidade de conhecer as espécies de sapo através do canto, além de réplicas de muiraquitãs. A exposição traz exemplos da transição dos seres vivos da água para a terra.
O objetivo é despertar a curiosidade sobre as diferentes estratégias que animais e plantas – particularmente os casos visíveis na Reserva Florestal Adolpho Ducke – desenvolveram para lidar com a transição entre ambientes aquáticos e terrestres, bem como a percepção humana desses processos. O público são as escolas do ensino fundamental e médio da cidade de Manaus (jovens entre 13 e 17 anos), turistas e visitantes em geral.
A outra exposição, baseada no livro “Gente e Peixe no Alto Rio Tiquié”, do antropólogo Aloisio Cabalzar, apresenta os conhecimentos indígenas e ictiológicos, mitos e conceitos cosmológicos relacionados à origem dos peixes e suas relações com a humanidade. O autor, que é também o curador da exposição, pesquisa há alguns anos a cosmologia dos povos Tukano e seus conhecimentos relacionados aos peixes.
A exposição Peixe e Gente ocupa cerca de 1000 m2 do centro de visitação do Museu da Amazônia, na Reserva Florestal Adolpho Ducke (em duas tendas esticadas na floresta e um pavilhão) e retrata através de mapas, mitos e artefatos indígenas a rica e complexa relação entre homens e peixes no Alto Rio Tiquié, região da bacia do Rio Negro. Objetos de cerâmica e cestaria também compõem o acervo da exposição voltada para o público, em geral, interessado na cultura dos povos indígenas.
As histórias mitológicas contadas na exposição Peixe e Gente estão todas relacionadas aos peixes, assim como os mapas que traduzem as diferentes situações com as quais os indígenas se deparam em períodos de seca e cheia. Nessa relação entre peixe e gente não poderiam faltar utensílios domésticos, tais como balaios, cumatás, aturás, maçaricos, peneiras, abanos, presentes no dia a dia dessas comunidades.
A exposição contará com uma cozinha tipicamente indígena, inspirada nas comunidades Pirarara (Médio Tiquié) e Caruru (Alto Tiquié), onde são preparados os pratos da culinária do Alto Rio Negro. Para tanto, foram adquiridas peças de cerâmica, dentre as quais, panelas, camotis, pratos, forno e potes que costumam ser utilizados em diversas finalidades por essas comunidades.
Para ilustrar ainda mais a relação entre peixe e gente no rio Tiquié, foram trazidas das comunidades Caruru, São Domingos, Bela Vista, São Paulo (etnia Tukano) e São Pedro (Tuyuka, Yebamasã), ou confeccionadas no próprio local da exposição, as armadilhas de pesca utilizadas pelos indígenas. São jequis variados, imihnó (cacuri portátil), esteiras (grandes e pequenas), matapis, caiás e puçás – dispositivos fixos utilizados na captura de peixes.
A equipe que organizou a exposição Peixe e Gente é formada pelos artistas Feliciano Lana e Zeca Nazaré, pelos conhecedores e artesãos indígenas das etnias Tuyuka, Tukano e Yeba masã, do Rio Tiquié, e pelos profissionais do Musa. Os recursos são provenientes da Lei Rouanet e a parceria é do Instituto Socioambiental/ISA.
Foto: Divulgação
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