quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Fragmento florestal do campus da Ufam tem importância crucial para a cidade

 Fonte: portalamazonia.com

A Univerdade Federal do Amazonas (Ufam) abriga um universo de biodiversidade que, por vezes, passa despercebido pelos manauaras. Cercado por bairros das zonas Sul e Leste, e pelo distrito industrial, o fragmento florestal da universidade merece destaque por sobreviver em meio ao caos do contexto socioeconômico da capital. A área sofre constante pressão da expansão de bairros residenciais e da instalação de novas empresas. Um exemplo desta situação aconteceu nos anos 70, com perda de parte da floresta devido a expansão do bairro Coroado. Apesar de ainda se recuperar do movimento, a área verde da instituição é a maior do Brasil em perímetro urbano.

A riqueza da floresta da Ufam se dá pela presença de animais, árvores e nascentes de igarapés. No total, acredita-se que o número de espécies de vida vegetal seja superior a 2 mil. No entanto, é difícil dizer com exatidão, devido ao pequeno número de estudos realizados na área. “Os únicos estudos feitos na área foram iniciativa da própria universidade. Não temos informações suficientes para determinar o número exato”, disse o biólogo Marcelo Gordo. Algumas das espécies comumente vistas na área são Cumarus, Pau-rosas e Buritizeiros e, mais raramente, Tanimbuca, Copaíba e Andiroba. O professor Marcelo lembra que estas espécies exercem um importante papel nos bairros vizinhos. “Ter uma floresta bem conservada perto de bairros populosos, faz com que ela tenha uma função de regular a temperatura e a umidade do local”, explica.

Já para os animais, a dificuldade é outra. Devido a extensão da área e a dificuldade em fazer a coleta de animais do grupo de invertebrados, tais como aranhas, baratas, formigas e gafanhotos, é difícil dizer ao certo quantos espécies de animais vivem dentro dos limites da Ufam. Do grupo de vertebrados, aqueles que possuem coluna vertebral, o sauim-de-coleira possui uma estimativa de 140 animais e é o único que foi calculado até hoje.  Também já foram avistados espécies de tatus,  quatis, jurapás, esquilos, ouriços, mucuras, mucura-xixicas, ratos selvagens, morcegos e preguiças.

Nascentes e presença animal

Além das espécies de árvores e animais, há também a presença de 20 nascentes e 12 igarapés. Com a consciência ecológica de conservá-los, todas as obras da universidade são feitas nas áreas mais elevadas do terreno do campus, distantes das nascentes. Além disso, a estrada que dá acesso ao Instituto de Ciência Humanas e Letras (ICHL) foi construída com um grande número de curvas, justamente para desviar as obras urbanas das proximidades dos igarapés. Outro destaque vai para o projeto de arquitetura do campus. A do setor norte do campus, por exemplo, contempla a utilização de luz e ventilação natural. No entanto, as condições climáticas de Manaus dificultam a execução da proposta. “O calor de Manaus chegou a um ponto em que o uso do ar condicionado é imprescindível. Por este motivo, é difícil fazer uso exclusivo da ventilação natural. A iluminação, no entanto, funciona como estava previsto no projeto”, explicou Marcelo.

A combinação da vida animal, da vida vegetal e da presença de seres humanos é uma condição rara. Para Juliana Dias, 23, estudante de pedagogia, é importante que os alunos tenham um convívio harmonioso com a natureza do campus. “Aqui, nós temos a oportunidade de estudar em um lugar diferenciado. É importante que os alunos cuidem deste patrimônio”, disse. A estudante, que é moradora de um dos bairros vizinhos da floresta, o Coroado, explica que a floresta traz benefícios tanto para os estudantes, quanto para os moradores da região. “Conviver com a floresta é ótimo. Assim que passamos aos redores da Ufam, podemos sentir que o clima aqui é mais fresco. Isto é um grande diferencial”.

Foto: Sarah Lyra/Portal Amazônia

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